Texto por Mario Reinert
À primeira vista, esta foto é só um jogo de cartas na Índia. Mas o que é aparentemente apenas um jogo, se transforma em uma aula de yoga, podemos ver aqui, um sidássana, uma quase marichássana B entre outras variações de postura. E repare nas colunas, na firmeza e relaxamento (Sthira e Sukha) base para qualquer ásana. Vejam que apesar de existir uma mesa eles sentam-se “na” mesa e não à mesa como fazemos, mesmo que não falemos.
A foto revela muito sobre as diferenças de quem nasceu sentando no chão e continuou fazendo isso o resto da vida.
Enquanto na Índia se faz tudo sentando no chão, no ocidente aprendemos… “Sai do chão menino que o chão é sujo” e vamos perdendo esta relação com o chão e as amplitudes do corpo relacionadas a isso.
Vejam que nenhum destes senhores fez yoga na vida, perguntei a eles para ter certeza. Isso é simplesmente o jeito que eles sentam para fazer tudo. O chão faz parte da vida e com ele a mobilidade no corpo que é necessária para tal.
Por isso, é muito importante que nós ocidentais que não temos estes hábitos façamos nossa prática de yoga respeitando ainda mais um processo gradativo, ou seja, há sempre posturas ou preparações para nos levar até o ponto final do caminho, fim este que não é o mesmo para todos.
Para quem não tem o hábito de sentar-se no chão, posturas em meio lótus (baddha padmásana) podem levar a lesões de joelho se não forem bem preparadas, não seguindo o processo de krama.
Por isso, respeite seu corpo e sua mente, eles são seus mais preciosos instrumentos e diferente dos instrumentos que utilizamos no dia a dia, como uma caneta, um computador, ou um martelo, eles não são de fácil reposição.
Aqui vale falarmos um pouco sobre o Yoga de Krishnamacharya, um dos principais responsáveis pela difusão do yoga no ocidente.
Muitas vezes achamos que sua principal contribuição seria o vinyasa, que teve seu significado simplificado por Pattabhi Jois, sendo traduzido como conexão entre respiração e movimento. Mas para Krishnamacharya a palavra Vinyasa tem um significado muito mais profundo, seria a junção do prefixo “vi”, variação, e “nyasa”, fazer determinados parâmetros. Assim vinyasa seria incuir em qualquer ásana, estes parâmetros, que seriam:
Uma respiração longa e profunda, a atenção voltada para a respiração e anuloma, este sim, a conexão de movimento e respiração. Tudo isso faz parte do vinyasa.
Mas até mais importante que isso, é um outro termo que tem uma relação direta com nossa foto.
A palavra Krama significa sequência, ou passo, e no caso das posturas, determina que para se fazer uma determinada postura, há posturas preparatórias, passos em uma sequência que constrói um caminho para um fim.
Assim, de acordo com o corpo de cada pessoa, há kramas, que devem ser feitos para que o corpo se adeque, respeitando-se os limites de cada um.
Como falava Desikachar, filho de Krishnamacharya, “Não podemos cortar os braços pra caber na roupa”.
Mas à medida que o corpo vai se modificando que os espaços vão sendo criados, a prática se adequa novamente, por isso podemos dizer que ao mesmo tempo em que a prática deve se adequar ao corpo e à mente, estes se modificam também, gerando a necessidade de novas modificações na prática. É um sistema vivo e impermanente e isso é uma das maiores belezas da prática.
Concluindo, respeite seu corpo e sua mente, como os mais preciosos instrumentos para sua vida. Coloque pitadas das posturas em seu dia a dia e vá ajustando as amplitudes do corpo. Quando puder sente-se no chão e habitue-se aos poucos, flexione os joelhos quando for pegar um peso e não sobrecarregue a sua coluna, sente-se sobre os ísquios com a coluna ereta para trabalhar ou para ler, acocore-se na postura do caipira (indiam pose) sempre que possível. Assim você verá que a prática de yoga pode aos poucos fazer parte do seu dia a dia, criando corpo e uma mente mais flexíveis e conscientes.
Pratique e lembre-se que ela não é só no tapetinho!
Namastê!
Dica de Evento: Workshop de Abertura Pévica
Se você passou a vida sentado em cadeiras e indo em banheiros com privadas ocidentais, seu quadril provavelmente é preso. Isso se reflete na dificuldade em sentar-se no chão ou acocorar-se.
No texto acima você viu como os hábitos na Índia são muito diferentes dos nossos. O chão faz parte da vida deles e consequentemente algumas posturas de yoga são mais fáceis e naturais para eles do que para nós ocidentais.
Este é o propósito do Workshop de Abertura Pélvica, fazer com que gradativamente nosso corpo possa encontrar mais conforto nesta posturas que podem fazer parte de nosso dia a dia e de nossa prática de Yoga, nos trazendo longevidade em nossa mobilidade.
Este workshop foi criado com sequências únicas e posturas que você não verá em nenhum outro lugar, com uma forma de executar que pode se adequar à sua prática independente do método que você segue. Você verá que mesmo em um tempo curto você poderá encontrar novos espaços que poderão transformar completamente sua prática.
São 3 encontros onde você aprofundará a sequência e aplicará a mesma em casa em suas práticas, com as gravações que você terá acesso ao longo de 3 meses para praticar no seu tempo e quantas vezes quiser.
Acesse o sistema EAD para contratar o seu acesso ao Workshop de Abertura Pélvica com Mario Reinert.