O clima, nossas emoções, o yoga e a meditação

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O clima, nossas emoções, o yoga e a meditação
Texto por Mario Reinert

Nosso planeta, a terra, sofre alterações climáticas pelos mais diferentes motivos, pelo seu posicionamento em relação ao sol, pela inclinação, que gera as quatro estações do ano, por fatores locais como a existência de florestas, chuvas, vulcões etc. Tudo isso e especialmente as estações do ano, provocam alterações climáticas que levam uma região a um tipo específico de temperatura, umidade e outras condições que influenciam toda a vida neste local durante um período de tempo.

Nem todas as regiões possuem estações bem definidas, aqui em São Paulo por exemplo, podemos ter em um único dia, todas as estações do ano. Mas em geral temos 4 estações que se misturam em determinados momentos criando inúmeras variantes climáticas que influenciam a vida nas regiões do planeta.

Podemos fazer um paralelo das estações do ano e do clima com nossos estados emocionais. Temos momentos em que precisamos nos recolher, nosso inverno, onde estamos fragilizados, frios, precisando de abrigo e proteção. Há momentos em que estamos em pleno verão, quentes, para fora, querendo sair, expandir, criar, compartilhar com todos isso que não cabe em nós. Outros momentos estamos em transição, nosso outono, em que as folhas caem, como consequência do inverno e devemos nos desapegar para abrir espaço ao florescimento da primavera. Assim como para nos harmonizarmos com o clima, perceber e aceitar nossas emoções é o primeiro passo, depois disso, podemos ver o que pode ser mudado ou não para amenizar ou transformar nossos estados emocionais.

Segundo o ayurveda por exemplo, a medicina indiana, sabores como ácido, salgado e picante tendem a provocar emoções quentes, devido ao elemento fogo. Assim, se você já está sem paciência, ou com raiva, comer algo apimentado e salgado só irá piorar seu estado. Da mesma maneira, no inverno, você apenas comer comidas geladas além de piorar sua digestão pode ter implicações emocionais.

Estudos demonstram também que mudanças em nossas expressões faciais (ver os trabalhos de Paul Ekman) podem alterar nossos estados emocionais. Por exemplo, se você conseguir fazer uma expressão facial de raiva por alguns instantes, mesmo que não tenha raiva alguma, a raiva surgirá com toda a fisiologia que a acompanha, aumento da pressão arterial e batimento cardíaco, aumento da circulação do sangue nos braços para preparar para a luta, entre outros.
Isso remete muito ao Hatha Yoga, o yoga que tem o corpo como objeto de lapidação para preparar a mente para a meditação. Segundo o Hatha Yoga há uma via de mão dupla, a mente altera o corpo e o corpo também altera a mente. Assim, pense como uma expressão do corpo inteiro e não somente facial, que no Hatha Yoga é chamado de Ásana (postura), pode provocar em termos de alterações no estados mental e emocional.

Da mesma forma que estímulos externos como, a alimentação, nossas relações com pessoas, a temperatura do ambiente, expressões faciais e postura do corpo podem modificar estados emocionais, fatores internos também influenciam e muito. Um dos principais fatores são nossos pensamentos (chamados no yoga clássico de Vrittis) pois quando pensamos, por exemplo, em uma imagem que vem à nossa cabeça, ela pode provocar um estado emocional, especialmente se esta imagem está associada a algum episódio emocional intenso ocorrido no passado.

Para nosso cérebro quando uma imagem vem à mente e eu me identifico com ela, é como se o episódio emocional ocorresse novamente, talvez em escala reduzida, mas com as alterações fisiológicas que acompanharam a emoção. Além de um pensamento em si influenciar, nosso estado mental como um todo modifica como percebemos o mundo, tornando este fator interno talvez o mais importante de todos. Não há percepção externa que seja independente de nosso estado mental, somos sempre influenciados pelo estado mental e emocional em que nos encontramos, e isso não sou eu que estou dizendo, é amplamente corroborado pelos estudos das neurociências. Assim para conseguirmos um equilíbrio emocional de uma maneira eficaz, não adianta modificar apenas fatores externos, precisamos entrar no domínio interno da mente.

É aí que as práticas contemplativas podem auxiliar e muito este equilíbrio.O Yoga e a Meditação, demonstram que ao treinar sua atenção e cultivar estados mentais de amorosidade e compaixão por exemplo, podemos modificar de maneira significativa nossos estados emocionais, criando espaço entre a faísca, o gatilho emocional, e o fogo, o episódio em si e, é nesse espaço que encontramos nossa liberdade.

Lembre-se que um verão eterno cria um deserto, assim como um inverno permanente cria condições difíceis para a vida, tipo “Game of Thrones”. A vida floresce de fato no equilíbrio e a boa notícia é que ele pode ser cultivado!